Outro dia, tivemos confraternização em nossa igreja, e cada um levou um prato. Caiu para mim, levar canudinho. Na última hora, desisti de comprar para montar e me pus a estudar um jeito de fazer a massa toda integral e sem fritar. Usei uma receita fácil de pastel. Consegui. O resultado não saiu esteticamente grande coisa, mas estava saboroso. Primeira vez que faço, eu me arrisco muito. Óbvio que, para quem está acostumado a fritura e quitutes convencionais, o tipo integral não é tão atraente, mas fiquei surpresa com a resposta das pessoas. Gostaram. Caprichei no recheio de carne moída que não levou um pingo de óleo. Enfim, não era a maior atração mas chamou atenção e curiosidade e, ao fim, o prato ficou uns 3/4 vazio. Lá pelas tantas, quase todos indo embora, virei para um dos meninos e perguntei apontando o canudinho integral:
- Já comeu um desse?
- Não.
- Toma, experimenta. - ofereci e ele fez uma careta.
Então, mandei:
- Morde logo de uma vez, se não gostar, me devolve.
Não ligo para careta de criança. E posso ser bem indelicada nesses momentos, não costumo fazer uso do chameguinho e da voz de titia boazinha. Ele pegou, deu a primeira mordida com muita resignação. Mastigou e fez aquela cara que eu queria ver:
- É gostoso! - E comeu o resto.
Virei para a irmã dele, ofereci e ela que, também desconfiada, comeu. E gostou. Ponto para mim.
A mãe dos dois que é amiga do coração e uma pessoa para lá de maravilhosa, estava recolhendo a mesa e eu lhe perguntei o que tinha achado do salgado. Ela respondeu que gostou. Acredito porque ela realmente me fala quando gosta ou não das "novidades" que eu levo. Cheia de segundas intenções, perguntei que nem um joão-sem-braço:
- E os seus filhos?
- Aaah, eles não gostam, nem adianta.
- Ah, taaaaaaaaaaaá, pois saiba eles já comeram e gostaram.
- Como assim?
- É fia, tem que parar com isso de achar que eles gostam ou não, manda comer e experimentar de uma vez que você vai ficar surpresa. Fiz isso com os dois agora há pouco, você nem viu. Comeram o canudinho e gostaram.
Vejo muita frescura nesse gosto-não-gosto dos filhos, sobrinhos, netos. Temos que parar com isso e mandar mesmo. Mas, quem não quiser tentar, tudo bem, que deixe a pirralhada comendo porcaria e fazendo onda. Mais tarde ele(a) poderá correr atrás ou não da saúde e/ou emagrecer. Mas é só uma opinião de uma pessoa sem filhos, que trabalha com crianças.